30 maio 2004

Reflexão




Sentada em frente ao computador, olho pela janela, o sol brilha lá fora, o vento agita as folhas das árvores.
Ao longe ouço o ladrar de alguns cães, e o sossego de uma tarde de domingo invade o meu espaço interior.
O meu pensamento vagueia…deixo-o libertar-se e tentar compreender a vida, as alegrias, as motivações do ser humano.
Nesta tranquilidade penso nos outros…quantos sentirão a verdadeira dimensão de viver? Quantos conseguirão sentir o verdadeiro amor e partilha? Quantos serão capazes de se entregar à amizade, de cultivar a paz e harmonia?
Esta vida é uma passagem, uma viagem que encetamos no dia em que nascemos e que terminará na estação da morte. Podemos tornar essa viagem alegre ou triste, mediante o que levarmos na bagagem da alma.
Que queremos transportar? Que pretendemos arrastar pela vida? Vale a pena cultivar ódios? Vale a pena semear tempestades?
Neste momento meu sossego foi invadido pelas crianças do meu vizinho, que aproveitando a tarde e o sol, vieram para o terraço jogar à bola.
Inocentes ainda, viajantes incautos, mas já invadidos pelas solicitações da vida…pelos computadores, pelas marcas de roupa, pelas notas excelentes nos estudos, por tudo e por nada, menos pela alegria de ser criança, de poderem brincar…
À sua volta saltita um cachorro, fascinado pela bola e pela brincadeira. Deixo-me contagiar pelos seus sorrisos e brincadeiras…
Afinal eu também trabalho com crianças…e vejo em seus rostos as marcas da vida, leio em seus olhos a alegria ou a tristeza e quantas vezes umas lágrimas disfarçadas porque um “homem” não pode chorar.
Para onde levamos estas crianças? Que valores lhes transmitimos? Que vivências lhes proporcionamos? Até onde vai a fronteira da responsabilidade de pais e educadores? Da família e da escola?
Reflexões demasiado “pesadas” para uma tarde amena de domingo, mas é urgente parar, reflectir, analisar e mudar.
Para todos um bom domingo e que minhas reflexões não lhes causa nenhuma indigestão…

Angelis

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