24 março 2014

Despir o preconceito

(imagem retirada do Google)

Estava, na sala de espera, do Hospital de Dia, à espera da minha vez para a consulta de Oncologia e depois o tratamento, quando comecei a conversar com uma senhora que estava sentada ao meu lado.
Conversa daqui, conversa dali, até que tirei o meu chapéu e deixei a minha carequinha de fora.
De imediato, ela perguntou: - não se importa de mostrar a cabeça sem cabelo?
- Claro que não, é algo que não me incomoda nada e só ando de chapéu ou gorro polar porque está muito frio e quando rapei o cabelo, constipei-me. – respondi eu, segura de mim.
- Admiro a sua coragem. – respondeu a senhora.
- Não é uma questão de coragem, é sim assumirmos quem somos e o que temos de menos nesta altura da doença e, acima de tudo, não deixarmos que o cancro nos defina. Ou seja, eu tenho cancro, mas não sou o cancro.
E, continuei: - o preconceito somos nós e depois são os outros, que olham para nós como se fossemos algo esquisito, “coitadinhos”, porque temos cancro, “coitadinhos” porque não temos cabelo, e isso não pode prender-nos e não deixar que não vivamos. Temos que nos adaptar, passamos uma fase em que não somos tão autónomas, em que sofremos, em que sofremos alterações físicas e emocionais, mas continuamos vivas e acima de tudo, temos a OBRIGAÇÃO de continuar a VIVER, a SORRIR, sem o bendito preconceito.
A senhora sorriu e disse-me que eu devia ser uma mulher muito forte, ao que eu lhe respondi: - nada disso, resolvi apenas brincar com o cancro e prometi a mim mesma que ele não levaria a melhor.
Entretanto, reparo que, umas cadeiras ao lado, uma senhora, atenta à conversa e que até então estava enfiada no seu gorro, resolveu, também ela, assumir a sua careca com todo o orgulho e exibi-la sem preconceito.
No entanto, friso que respeito todas as MULHERES que não conseguem mostrar as suas carecas e não conseguem olhar-se ao espelho e verem-se sem cabelo, pois nem todas somos iguais.
Muitas vezes, nem é por elas, é pelos maridos, companheiros e até pelos filhos.
Mas não se esqueçam que LUTAM por ELAS mesmo e não por quem está ao seu lado, pois por muita força que alguém dê (e é sempre bem vinda) a luta é nossa e é por nós que lutamos e devemos VIVER. NUNCA deixemos de VIVER, ACREDITAR e SORRIR, por mais difíceis que sejam os nossos dias.


Esta, sou eu, careca, no dia em que rapei o cabelo, em Dezembro de 2013.
Assumo a minha careca, assumo que tenho cancro, pois não é ele que define quem eu sou.
Não desisti de VIVER, de SONHAR, de AMAR e SORRIR, porque no dia em que o fizer…MORRI
E…já sabem, nunca se esqueçam de…OUSAR SER FELIZES!!!

23 março 2014

Blogosfera, redes sociais e aniversário!!!

 
Será que permanecer na blogosfera durante 10 anos é muito tempo?
Na era das redes sociais, em que tanta gente, literalmente, abandonou os seus blogues em prol das ditas redes sociais, porquê pernanecer, em algo que parece ultrapassado?
Questionei-me sobre isso, antes de publicar este texto, e a verdade é que as redes sociais, apesar de serem rápidas e virais, não me permitem escrever como quero, o que quero e quando quero.
Opiniões, dirãos vocês...claro que são opiniões, mas colocar um texto de opinião longo, numa rede social, rapidamente será esquecido, ultrapassado, quiça, não será lido?!!!
Por isso, na minha modesta opinião, de quem, respondeu, á 10 anos, ao desafio, do Ailaife Blog, e criou o Pé de Vento, os blogues, terão, sempre, espaço na blogosfera, enquanto os seus autores quiserem e tiverem prazer em partilhar a sua escrita.
Este modesto espaço, faz, hoje, 10 anos.
A sua autora, por muito tem passado.
E muito tem partilhado com quem a lê e nem sempre comenta, mas isso não lhe interessa.
Escreve porque lhe dá prazer, partilha porque gosta, e só partilha o que lhe interessa partilhar. Escreve no português sem acordo ortográfico, porque o espaço é seu e no seu espaço, faz o que quer e como quer e só entra quem vem por bem.
Tem AMIGOS de longa data que a acompanham nestas lidas, e só não os enumera a todos, porque a sua memória pode traí-la e esquecer alguém, mas eles sabem quem são.
Estará por cá, enquanto lhe apetecer e lhe der prazer esta partilha.
Sejam servidos de uma fatia de bolo, não tenham medo de visitar este cantinho, pois é tão somente uma brisa que sopra do coração.
E, não se esqueçam...OUSEM SER FELIZES!!!

04 março 2014

Somos um povo ignorante?!


Em Dezembro de 2013, a dívida atingiu os 213.390 milhões de euros ou 129% do Produto Interno Bruto (PIB).
O rácio da dívida pública em percentagem do PIB tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos e passou de 108,3% em 2011, para 124,1% em 2012 e 129% em 2013.
Eu, que nada percebo destes assuntos e fui buscar estes dados ao Banco de Portugal, questiono-me, perante estes números, se estamos, realmente, melhores, financeiramente e a recuperar a economia do país? Há mais desemprego, emigração, cortes salariais e das pensões insuportáveis, há fome, miséria, gente a dormir na rua porque perdeu suas casas em consequência de ter perdido seu emprego, afinal, como estamos a recuperar?
Somos um povo ignorante, ou não sabemos fazer contas, ou ainda pior, não sabemos “governar” e “esticar” nosso vencimento e nossa pensão para podermos sobreviver o mês todo?
Pagamos a luz, ou pagamos a água? Compramos os medicamentos que precisamos ou os sapatos para o nosso filho?
Já não há dinheiro para o leite e à noite comesse uma sopa e chega, pois é preciso pagar a renda em atraso.
Revolta, sinto revolta, pois somos um povo demasiado pacífico, que se deixa roubar e enganar.
Vejo os seniores sem brilho no olhar, os jovens sem esperança e nós, nem jovens nem seniores…cansados de lutar, cansados de sermos roubados e explorados por este desgoverno, apadrinhado pela mais alta patente do país, que devia defender o povo e não o faz…uma verdadeira vergonha nacional.
O que fazer?
Usar o nosso dever cívico, e já nas próximas eleições europeias, pois a UE também tem a sua quota parte de culpa do que acontece no nosso país e há que ser interventivo e participativo também, no processo europeu.
Entretanto…sorria que…está a ser roubado :)

Hoje eu adotei um humano...

Partiu meu coração vê-lo tão sozinho e confuso. De repente vi os seus olhos lacrimejantes enquanto ele olhava para os meus. Então lati com t...