O Natal chega todos os anos como uma luz discreta a insistir
em entrar pelas frestas. Não pergunta se estamos prontos, apenas pousa. Para
alguns, traz mesas cheias e risos fáceis. Para outros, chega com cadeiras
vazias, nomes que já não se dizem e ausências que se sentam connosco à mesa.
Há um Natal que não aparece nas fotografias. O Natal de quem
tenta sobreviver às memórias, de quem aprende a sorrir por respeito, de quem
ama em silêncio os que já partiram. E talvez seja esse o Natal mais honesto.
No meio de tudo, há ainda pequenos gestos que salvam. Um
abraço demorado, uma mensagem inesperada, um pensamento que aquece mais do que
qualquer lareira. O Natal não é o excesso. É a presença possível.
Que este seja um tempo de abrigo, mesmo que simples. Um
tempo em que possamos pousar o cansaço e oferecer, nem que seja a nós mesmos,
um pouco de paz.
Porque, no fim, o Natal acontece quando o coração encontra
lugar para ficar.
Filipe Bacelo
(li, gostei e partilho com os meus votos de Feliz Natal)

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