21 setembro 2006

Sem tempo

Por muito que me apeteça escrever, por muita vontade que a inspiração tenha em soltar-se, o tempo tem sido opositor a tudo o que seja escrita, exceptuando a escrita oficial e essa dispensava-a bem.
Início de ano lectivo, nova escola, agrupamento novo, autarquia nova…socorro…que não há quem aguente tanta coisa nova, tanta coisa para fazer e tratar.
Condições físicas de trabalho tenho, aliás o edifício onde funciona o jardim de infância, tem boas condições, é espaçoso, tendo um único senão, o espaço exterior que não é grande.
Pessoal a trabalhar lá, desde tarefeiras, passando pelas auxiliares de acção educativa, animador e claro, educadoras, é excelente, competente, simpático e prestativo.
Tenho que “falar bem” do pessoal que coordeno e com quem trabalho.
Mas…nem tudo é um mar de rosas, quando temos 4 crianças sinalizadas com necessidades educativas especiais (dessas 4, uma tem paralisia cerebral e está numa cadeira de rodas, e outra tem baixa visão), mais 2 com problemas na linguagem, uma hiperactiva e…sem saber o que o restante grupo nos reserva.
Com tantas crianças a precisarem de apoio educativo individualizado e especializado, foi colocada uma educadora do ensino especial para apoiar estas crianças e mais 13 numa escola do 1º ciclo.
E esta hein?
A educação está de excelente saúde neste país, mas que se livre de adoecer, que ainda lhe cobram as taxas moderadoras do internamento…
Os professores são os vilões deste processo todo, o que é lamentável e me entristece, pois como conseguimos dar, prestar, um ensino com qualidade e dignidade, se nos é, humanamente impossível, atender as solicitações destas crianças e dar-lhes o apoio individualizado que a sua condição precisa e merece?
Eu só queria falar da minha falta de tempo em escrever…mas fico profundamente indignada perante situações destas.
Não é por ser na escola onde trabalho, pois esta realidade é extensiva a todas as escolas deste país, a todos os professores que lutam pela qualidade do ensino público, que ainda acreditam e procuram a cada dia, dignificar a sua profissão, com imensos sacrifícios e desdobrando-se em mil pedaços para que as crianças tenham tudo o que merecem e têm direito.
Enfim…é melhor ficar por aqui. Amanhã novo dia de trabalho e novos desafios a enfrentar e sabem o que me faz ter forças e animo? O sorriso do Serginho, o meu menino com paralisia cerebral, que é uma meiguice e cujo sorriso faz desaparecer todas as agruras do dia a dia.
Ele consegue sorrir para nós e nesse sorriso dizer: - estou aqui e tu também…vale a pena continuar.


angelis

3 comentários:

  1. São situações complicadas, mas esse sorriso vale mais que mil palavras e de certeza que por ele vais lutar e encontrar forças para vencer essas intempéries, não é verdade?
    Beijinhos e um bom fim-de-semana.

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  2. Tem que valer a pena continuar... SEMPRE.
    Aquele abraço.

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  3. Em frente, com o tal sorriso...
    Jinhos

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