
(foto de Afonso Duarte)
A vida é uma sequência ilógica de sentimentos, de sensações que nos perturbam, nos transformam ou nos anulam a razão.
Olho á minha volta e vejo olhares vazios, gestos suspensos no ar, beijos perdidos na vergonha de mostrar que amamos.
Suspendo um abraço terno...
Não encontro a quem o dar...
Não há receptividade...
Presos num dia-a-dia sem sentido, vivemos alheios aos outros.
Não vemos o companheiro, não beijamos o filho pequeno, não apreciamos a beleza singela da Natureza que se enfeitou para nós.
Prisioneiros...
É isso que somos...
Prisioneiros...
Encarcerados na vida ideal que construímos, mas á margem da própria vida.
Construímos celas para aprisionarmos os sentimentos...
Erguemos muros para nos protegermos dos outros...
E acabamos prisioneiros de nós mesmos, numa vida triste e cinzenta, rodeados de medos...
Rodeados de fantasmas que alimentamos com os restos de uma vida sem sentido.
Prisioneiros, até quando?
Derrubemos os muros...
Derrubemos angústias e desânimos...
Soltemos o sentimento...
Pintemos a amizade...
Aprendamos a amar...
Prisioneiros, até quando?
angelis