Maria Maia é uma das mulheres galegas, com uma história muito especial.
Ainda jovem, teria os seus 14/16 anos, a “servir” (como se diz lá na aldeia) em casa de patrão velho, era arrastada para a barra das batatas, para satisfazer os caprichos do velho, não se importando ele com a mulher no andar debaixo da casa.
Outras vezes, Maria era arrastada para o meio do milho e assim vivia seus dias, entre o trabalho doméstico e os caprichos do velho.
Esta vida arrastou-se durante anos a fio, até que um dia o velho passou a acompanha-la para todo o lado, provocando o falatório do mulherio da aldeia.
Ciúmes ou simples maldizer?
O que é certo é que a mulher do patrão, doente e desgostosa com o que se passava debaixo do seu tecto, e sem forças para pôr cobro á situação, faleceu.
Maria, não sabia se havia de chorar, rir ou fugir…e acabou por seguir o seu coração.
O homem podia ser velho, mas era o que ela conhecia, desde a sua adolescência, desde que para aquela casa foi trabalhar.
Passados 6 meses, de ter ficado viúvo, o velho decidiu casar com Maria Maia, e para evitar mexericos, resolveu casar à noite, tendo como padrinhos o sacristão e a irmã do padre.
De nada adiantou…o mulherio maldizente da aldeia soube e há que ir à porta da igreja ver se era verdade o que se dizia e atirar arroz aos noivos.
Irritado o velho gritou: - Isto é para gozar?
Riram as velhas comadres e responderam: - Não, isto é para aguçar!!!
E as vozes maldizentes calaram-se e Maria Maia fez sua vida ao lado do velho, outrora seu patrão.
Mas…toda a história tem um fim e esta não é diferente das outras.
Um dia, chegou a vez do velho partir e Maria ficou viúva. Com 42 anos e as marcas de uma vida de sofrimento no rosto, afaga suas mágoas e desgostos no álcool, mas…todas as sextas feiras, faça chuva ou sol, seja Inverno ou Verão, Maria Maia vai ao cemitério colocar flores na campa de seu velho marido.
angelis
(foto de Paulo Marques)
Espreitem o Pé de Vento [23/Março/04] sem medo ou sustos, pois é apenas uma leve brisa que sopra do coração.
07 abril 2006
História da Maria Maia
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olá,
ResponderEliminarGostei do teu conto!
A solidão é uma grande inimiga do ser humano.
Tem um fim de semana delicioso
jinho
Isa
A triste sina de uma mulher que teve que sofrer as agruras da vida para poder sobreviver. Noutros tempos havia muitas histórias destas e nos tempos de hoje, provavelmente ainda continuam a existir. Obrigada pela visita e parabéns pela nova casa, que está muito bem conseguida!
ResponderEliminarA violação, continua a ser uma forma de manipular os mais fracos.
ResponderEliminarUm belo e triste conto. Com um final feliz? Talvez...
Um abraço e parabéns pelo novo visual do Blog. Gostei.
Gostei de ler esta história... a história de uma vida.
ResponderEliminarE sabias que faz 2 anos que meu blog teve início? Será motivo de comemoração?
És uma amiga que já há me acompanha há muito tempo por isso o teu registo é muito importante para mim.
Bom fim de semana
Beijinhos
Um conto belo mas, também doentio, talvez da vida que levou.
ResponderEliminarJá cá estive várias vezes para comentar esta história mas não consegui...
ResponderEliminarSinto-me irritado com a Maria Maia.
Mas também sinto pena.
Enfim, é daquelas histórias que não deveriam acontecer, mas acontecem.
Resta-me desejar que este não seja o fim; que Maria ainda venha a conhecer alguém que mude radicalmente (melhor) o fim desta (dramática) história.
Aquele abraço.
Uma história de ontem de hoje e de amanhã, em que o final até poderia ter sido outro não fosse a época, onde a mulher ainda se submetia mais, por motivos que hoje estão mais ultrapassados, porem continuamos a ter essas histórias tristes onde a vida humana é manipulada pelos direitos de um patrão!!!!!Enfim...Abaixo esses patrões, vivam os direitos da mulher e a liberdade de escolha. Boa semanita e um beijinho
ResponderEliminarmudaste de casita também? Jocas
ResponderEliminarHistória igual a muitas histórias, de outras tantas Marias Maias...infelizmente.
ResponderEliminarTalvez bem no fundo ela gostasse dele, sentindo por ele um amor misturado com um pouco de paixão e de medo, talvez? Pode-se colocar a hipótese de a Maria, de ter escolher entre os caprichos do velho patrão, e a miséria para lá da porta da rua, quem sabe? Mas não estamos aqui para julgar os sentimentos da Maria Galega, mas sim talvez para lamentar a sua triste sorte, que a forçou a anuir com uma situação por ela provávelmente indesejada, a qual conduziu a sua patroa á morte. Se talvez, não o amasse o patrão, e então porque casou com ele? O mais provável seria de colocar um pouco de sol, na sua escura e infortunada existência, e que no fim, quando o velho patrão secumbiu, lhe colocou flores na campa, após ter pesado os pratos da balança, perdoando-lhe a indignidade, com os momentos de dignidade que ele lhe deu, quando com ela casou. Acreditem, que por vezes é completamente impossível adivinhar o que se passa na cabeça das pessoas, uma vez que aquilo que aparenta ser, muitas vezes não o é, e quando o é deixamos de acreditar. O certo, é que esta história é comovente, e que nos ensina que devemos mostrar o maior respeito por quem, que por negligência ou pura infelicidade, caiu nas águas tempestuosas da vida. Muitas felicidades para a Angelis, e votos sinceros de uma santa Páscoa. DOMINIO DOS ANJOS
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