Espreitem o Pé de Vento [23/Março/04] sem medo ou sustos, pois é apenas uma leve brisa que sopra do coração.
23 julho 2004
Muralhas sem ou da razão?
Construímos muralhas sem razão? Ou a razão é a própria razão do erguer de muralhas? Defesa própria? Defesa de bens? Afinal o que nos leva a construir, a erguer essas muralhas dentro e fora de nós?
Podemos recorrer à Psicologia…podemos recorrer à defesa legítima da nossa propriedade e bens, sejam eles da alma, do coração, ou bens físicos, a terra, a casa, etc.
Poderia dissertar horas a fio que não chegaria a qualquer conclusão.
Porquê? Porque cada um tem a sua razão própria, porque cada um não abdica da sua razão e a sua razão é a única válida e aceitável.
Somos individualistas, egoístas, queremos defender a todo o custo o que é nosso. Somos gananciosos, não gostamos de partilhar.
Afinal os bens terrenos foram conquistados por nós, fruto do nosso esforço e trabalho. Tem razão quem assim pensa…talvez…!!!
E os bens espirituais? Também foram conquistados, trabalhados e adquiridos por nós. Porque deveremos partilha-lhos? Porque deveremos sorrir para o nosso semelhante? Porque deveremos perdoar, amar, ser solidários? Que ganhamos com isso? Cada um que trabalhe por si mesmo.
Afinal porquê e para quê erguemos muralhas? Somos simples mortais, de passagem por uma nova viagem terrestre, por mais um aprendizado na escola da vida. No dia em que partirmos, em que regressarmos à pátria espiritual que levamos?
Conseguimos levar o que tão egoisticamente guardamos atrás dos muros? A casa, o carro, a piscina, o dinheiro?
Mas se também erguermos muralhas para os bens da alma…afinal o que levamos de novo, de bom, de aprendido para o outro lado da vida?
Considerações polémicas? Talvez…não me preocupo com o que possam pensar ao ler o que escrevo…apenas levanto mais um pequeno pé-de-vento para as consciências humanas.
A que conclusão cheguei? A nenhuma…pois cada um de nós vai continuar a erguer as suas muralhas sem ou com razão.
Lanço um desafio a todos.
Podem erguer muralhas para proteger a vossa propriedade, é um direito vosso, mas comecem a derrubar os muros à volta da vossa alma, do vosso coração.
Libertem o melhor que têm dentro de vós, aprendam a ser solidários, a partilhar, a sorrir, é tão belo um sorriso claro, límpido, transparente… Não tenham medo da amizade, não tenham medo da felicidade da partilha, do amor.
Derrubem as muralhas…elas perdem a razão quando vos isolam do que cada um de nós é…um ser humano belo, com muito para dar, aprender e crescer em conjunto com o seu semelhante, seja ele quem for…a família, os colegas de trabalho, a sociedade.
Angelis
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