08 outubro 2006

Cavalo à solta


(foto de Rui Simas)

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve, breve
instante da loucura

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura

Ary dos Santos

5 comentários:

  1. Recordar Ary dos Santos é sempre muito bom.
    Obrigada pela lembrança.
    Beijinhos e uma boa semana.

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  2. Matando saudades...
    Bela poesia!

    Beijokas*

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  3. Belos e saudosos, os "velhos" tempos ...
    Beijo*

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  4. Um belo poema do Ary dos Santos, um dos grandes poetas do final do século passado. Foi também um poeta do povo por isso escreveu muitas canções entre elas este poema que foi cantado se não me engano pelo Carlos mendes ou/e Fernando Tordo. Felicidades.

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