19 junho 2004

Desafios...




Quando procuramos alcançar determinado objectivo, que é imposto ou proposto por outros tornamo-nos pessoas sem vontade própria, apenas tentando alcançar metas que os outros nos dão.
Para atingir o topo da minha carreira profissional tive que voltar aos bancos da escola, após 20 anos de carreira. Na altura em que me propus satisfazer o objectivo imposto pelo meu estatuto profissional, questionei-me se valeria a pena…questionei-me se seria justo e correcto exigirem-me algo que não me exigiram quando me formei…
Meu curso confere-me o grau de bacharel…algo exigido na época em que me formei, e que me permitiu exercer a minha profissão. Entretanto o curso passou (largos anos depois) a licenciatura…e todos aqueles que eram bacharéis ficaram para trás…como castigo pelo grau académico não podiam atingir o topo da carreira…justo? Injusto? Talvez…
Meti mãos à obra…e ao fim de tanto tempo…candidatei-me para fazer o dito grau de licenciada…como tinha experiência profissional, curriculum de 20 anos de serviço, muita formação profissional, fui seleccionada e lá fui eu estudar…
Levava expectativas, sonhos, esperanças de poder aprender algo que não tinha aprendido quando me formei…algo de novo em termos pedagógicos, novas metodologias, etc.
Deparei com um curso de 2 anos, com uma carga horária excessiva para pessoas com uma longa experiência profissional, pessoas que trabalhavam durante o dia e que no final do seu trabalho ainda se sujeitavam a estudar das 17h30m até às 22h30m, durante 4 dias por semana.
Deparei com disciplinas fora do contexto educativo proposto pelo curso, com professores que em nada dignificavam o seu estatuto e desrespeitavam quem, com muito sacrifício, ali estava, deixando família sozinha.
Poderão questionar-me e dizer: - Foi opção vossa…sabiam para o que iam!!!
Certo…mas deveria haver mais coerência e respeito pelas pessoas que procuram os estabelecimentos de ensino superior, com a esperança de aprenderem algo de novo, de se reciclarem profissionalmente, de se actualizarem, valorizando-se como profissionais e pessoas.
Foram 2 anos de intensa carga horária, de exigências muitas vezes descabidas, mas após esse tempo posso, e poderemos dizer todas as 30 profissionais que fizeram o curso comigo, que tivemos uma força fora de série, que com o fruto do nosso esforço conseguimos chegar ao fim do curso.
Penosa a caminhada deste tempo, mas (perdoem-me o auto elogio) sinto-me orgulhosa de mim mesma, de ter conseguido alcançar o objectivo, de ter conseguido conciliar profissão e estudos e ainda a minha vida pessoal.
Vai longa esta conversa…mas apesar de o mérito me pertencer por ter conseguido terminar a tarefa a que me propus…deixo aqui um singelo, mas sincero agradecimento a duas pessoas que muito me ajudaram e deram força…um querido e doce amigo, que me ouviu desabafos longos e irritantes, me deu força e coragem o Alberto e à minha querida amiga de profissão e curso a Filomena (obrigada amigos!).
A todos os profissionais que não desistem dos seus sonhos, que ainda têm coragem de enfrentar novos desafios, que conseguem voltar aos bancos de escola…força!!!


Angelis

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