27 junho 2004

Navegar...



Navegando pelo mar dos meus sentimentos, desaguei numa praia deserta e árida, como árido estava o meu coração.
Caminhei buscando algo que preenchesse a minha alma vazia e cheia de tudo e nada...
No imenso areal encontrei amores desfeitos e vividos na pressa de um dia sem sentido...
Encontrei sonhos e ilusões desfeitos por caminhos percorridos na pressa de viver e não deixar nada para trás...
Sentei-me cansada e desiludida...
Chorei...
Gritei...
Mas só me rodeava o silêncio inquietante... o sussurrar do vento trazia-me o eco dos meus pensamentos mais íntimos...
Naquele imenso areal branco perdi-me de mim...
Perdi-me da vida...
Achei-me na solidão de um leito desfeito e vazio...
Achei-me na inquietante solidão de que me fiz algoz e vítima...
Olhei o imenso oceano da vida...questionei-me...rasguei-me...
Tomei o barco da vida, decidida a rumar a porto seguro...
Tenho navegado desde então entre tormentas e tempestades, acalmias aparentes e busco o porto de abrigo para o meu coração sofrido e triste...
Nada na vida se faz ao acaso...
Nada na vida se constrói do nada e sim das decisões passadas... dos erros cometidos em encarnações das quais não temos consciência plena...
Sofro por mim própria...pelo que fiz...pelo que deixei de fazer...
Navego, ás vezes sem rumo nem destino...
Navego pelo oceano da vida com consciência sofrida do que sou hoje, é reflexo do que fui no passado, presente ou distante...sou o que sou...talvez nem quisesse ser de outra forma...
Vivo...respiro...quero ser...quero amar...para além de mim na transcendência do meu destino...encontrar a minha alma gémea que vagueia algures pelo espaço infinito á minha procura...
Esta sou eu, quando deixa fluir o que sente...o que a magoa...o que a motiva ou faz chorar...esta é a alma do poeta que vive entre o sonho e a realidade...a sombra e a luz...o presente e o passado...
Confuso? Não...realista? talvez...
Encontro-me onde preciso estar para evoluir...
Estou onde preciso estar para aprender...
Sou o tudo ou nada...
O preto ou branco...
Quente ou frio...
Não tenho meio-termo...
Não sei viver sem ser nos extremos de mim mesma...
Estico-me até ao limite do que sou...
Desfaço-me a cada queda no abismo...
Mas levanto-me e sigo buscando novo caminho...
Sou um poema inacabado...
Uma estrofe perdida...
Sou um poema sem nome...
Serei sempre o que não fui...
Serei o que quiserem...
Mas não me chamem...
E se o fizerem será sem nome...
Porque sou o tudo ou nada...
Porque sou um poema inacabado...
Esta é a vida e a realidade das emoções guardadas...
Continuarei a navegar...
Até ao infinito de mim mesma...
Tudo ou nada...até ao fim...

Angelis

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