15 abril 2004

A chama da alma



Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um
grande doador, desapegado de sua riqueza. De uma forma bastante estranha, quanto
mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.
Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o
rei. Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca.
Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não
estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e
renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se
contaminar com tantas coisas materiais.
Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia
meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades
na alma. Sentia-se em tormenta. E o rei era virtuoso e amado por todos.
Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver
daquela forma, e ele lhe respondeu: "Acenda uma lamparina e passe por
todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo."
Porém, há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina se
apague, cairá morto no mesmo instante.
O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas
do palácio. Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou:
"Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"
O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a
vida, se a chama apagasse, respondeu: "Majestade, eu não vi
absolutamente nada. Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada."
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo: "Pois é assim
que eu vivo. Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama
da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam."
"Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com
minha presença e não o contrário."

O sábio representa na história as pessoas insatisfeitas, aquelas que
dizem que nada lhes sai bem. Vivem irritadas e afirmam ter raiva da vida.
O rei representa as criaturas tranqüilas, ajustadas, confiantes.
Criaturas que são candidatas ao triunfo nas atividades que se dedicam. São sempre
agradáveis, sociáveis e estimuladoras.
Quando se tornam líderes, são criativas, dignas e enriquecedoras.
Deste último grupo saem os que promovem o desenvolvimento da sociedade,
os gênios criadores e os grandes cultivadores da verdade.

***
Com ligeiras variações, é o lar que responde pela felicidade ou a
desgraça da criatura. É o lar que gera pessoas de bem ou os candidatos à
perturbação.
É na infância que o espírito encarnado define a sua escala de valores
que lhe orientará a vida.
Por tudo isto, o carinho, na infância, o amor e a ternura, ao lado do
respeito que merece a criança, são fundamentais para a formação de
homens saudáveis, ricos de beleza, de bondade, de amor que influenciam
positivamente a sociedade onde vivem.
Em nossas mãos, na condição de pais, repousa a grande decisão: como
desejamos que sejam os nossos filhos tranqüilos como o rei ou
atormentados como o sábio.


" Vive de forma a que o teu maior desejo seja viver outra vez - esse é o teu dever - pois, quer queiras quer não , viverás novamente ! "

Autor Desconhecido

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