Espreitem o Pé de Vento [23/Março/04] sem medo ou sustos, pois é apenas uma leve brisa que sopra do coração.
04 abril 2004
Indiferença
Percorrendo algumas das ruas da cidade, embora não encontrasse nada de particular que me despertasse especial atenção, notei, apesar disso, a pressa de cada um em chegar ao seu destino.
Cada pessoa levava no rosto os traços da sua personalidade e do seu dia a dia citadino.
Mas, de repente, indo distraída a observar os meus semelhantes, deparei com um pobre velho, sentado á soleira de uma porta, pobre farrapo humano, estendendo a mão á caridade.
Para meu pesar, reparei que essa mesma caridade lhe virava as costas, como se fosse um verme nojento. Só um pobre cão, a quem os inteligentes chamam irracional, se quedou ao pé do homem e lhe lambeu amigavelmente as mãos sujas e deformadas pelos longos anos de trabalho.
Tornei a olhar para o velho e reparei, que embora, aparentemente, não chorasse, chorava.
Em poucos segundos compreendi quão endurecida está a alma humana. Mas o mais revoltante é que as pessoas que pregam a caridade, essa não passa de simples palavra lançada ao vento, porque das palavras aos actos vai um grande abismo e as pessoas têm medo de o ultrapassar e ficam-se resignadas como se nada de útil e bom se pudesse fazer.
É o simples comodismo das sociedades modernas e das mentalidades ou demasiado atrasadas ou demasiado evoluidas.
Lá diz o ditado “ no meio é que está a virtude”, mas hoje, não há meios termos, ou se faz ou se não faz.
Mas, normalmente, opta-se por nada se fazer, esperando que as coisas aconteçam simplesmente, sentados comodamente nas nossas poltronas.
Talvez já não devesse existir a miséria e a pobreza, não ponho isso em questão, mas a verdade é que hoje, apesar de haver uma total renovação a todos os níveis da nossa sociedade, há ainda miséria e continuará a haver cada vez mais.
Ponho uma questão: se já não deveria existir pobreza, na opinião de muitos, e se ainda existe, que se deve fazer? Dar-lhe um pontapé? Virar-lhe as costas e passarmos por ela com ares de seres superiormente inteligentes?
Acho que não. Este, como tantos outros problemas não podem deixar-se passar de ânimo leve e as pessoas têm de começar a tomar consciência do seu dever e da posição e responsabilidade que cada um tem nesta sociedade em que todos nós estamos inseridos e a quem temos , infelizmente, de prestar contas dos nossos actos.
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